terça-feira, 14 de agosto de 2007

Bioma Mata Atlântica

Em Paraty tivemos a oportunidade de conhecer um bioma que daqui a alguns anos talvez não exista mais, a Mata Atlântica, pois hoje em dia esta se resume a somente 7% de sua área original. Tal estrago, já considerado irreversível, se dá grande parte em função da ação humana no local, que ocorreu de forma intensiva e desordenada durante a colonização portuguesa.

A área ocupada pela mata atlântica se estendia por todo o litoral brasileiro e apesar de se encontrar extremamente reduzida ainda possui uma biodiversidade única.

Por estar próxima do litoral, a mata atlântica apresenta clima úmido e uma ampla variação de temperatura, alem de duas estações bem definidas.

Em Paraty estivemos em contato constante com esse bioma, entretanto, foi ao percorrermos a Trilha do Sono que tivemos a chance de uma observação mais detalhada de suas características.

Fauna

Devido à grande extensão territorial da mata atlântica, muitos dos animais que compõe sua diversa fauna são endêmicos, ou seja, existem apenas neste bioma. Alem disso, a mata atlântica concentra 80% das espécies em extinção no Brasil.

Inúmeras espécies catalogadas e muitas outras não-catalogadas compõem essa fauna riquíssima que infelizmente corre grande risco. A redução da área da mata e conseqüentemente do habitat dos seres que a ocupam resulta em grande impacto ambiental, como o aumento da competição e uma maior sobreposição de nichos pondo em cheque o crescimento das populações.

Mamíferos

No Brasil já foram catalogadas aproximadamente 450 espécies de mamíferos, dentre as quais 130 vivem na mata atlântica, estima-se que 50 dessas espécies sejam endêmicas (existam somente lá).

Algumas espécies:


Mico-leão (dourado, preto e de cara pintada)

Jaguatirica

Preguiça de coleira

Onça Pintada

Veado Campeiro




Aves

Existem em média 1600 espécies de aves no Brasil e destas, estima-se que 620 habitem a mata atlântica, algumas delas já foram extintas sem ao menos serem catalogadas.

80% das espécies de aves em risco de extinção do Brasil se encontram na mata atlântica.

Algumas espécies:

Gavião-de-penacho

Arara-azul pequena

Harpia

Papagaio-de-cara-roxa

Répteis

O Brasil ocupa o quarto lugar em diversidade de répteis no mundo. São aproximadamente 500 espécies distintas, que incluem diversas espécies de quelônios, ofídios peçonhentos e não-peçonhentos e lagartos.

Algumas espécies:

Calango

Iguana

Coral-verdadeira

Coral-falsa

Jabuti

Tartaruga Marinha

Jacaré-de-papo-amarelo







Anfíbios e Invertebrados

Na mata atlântica existem mais de 200 espécies de anfíbios, mas pela falta de estudos especializados, pouco se sabe sobre o número de indivíduos e sua distribuição, o mesmo ocorre com os invertebrados, embora se saiba que existam incontáveis espécies, principalmente de artrópodes, sabe-se também que existem pelo menos 20 espécies de invertebrados em extinção.

Fauna Marinha

A mata atlântica também é dotada de uma rica fauna marinha que habita os riachos da região.

Existem diversas espécies de peixes, e muitas dependem diretamente da sombra das árvores, pois se orientam pela visão tanto para se alimentar, como para fins reprodutivos, e não conseguem sobreviver em águas com muita luminosidade. Imagine o impacto que o desmatamento já causou para essas espécies.

O bioma atlântico também possui uma riquíssima fauna bentônica, ou seja, moluscos, crustáceos e poliquetas, assim como vários equinodermos como a Estrela-do-Mar, o Biscoito-do-mar que podem ser facilmente encontrados no litoral.

Flora

A mata atlântica não é somente fauna, afinal sua fantástica biodiversidade se estende também à sua riquíssima vegetação, que vêm sofrendo há 500 anos com a exploração desordenada e inconseqüente desempenhada pelo homem.

A fauna da mata atlântica pode ser dividida basicamente em extratos: o extrato dossel, composto de arvores de grande porte, com copas altas, que recebem diretamente a maior parte da luz solar que chega na superfície, o extrato arbustivo, que é formado por árvores de pequeno porte que vivem nas sombras das árvores maiores e há também o extrato herbáceo, que contem plantas pequenas que vivem próximas ao solo como ervas, musgos, gramíneas etc...

Como toda vida vegetal necessita de luz para sobreviver, certas plantas de pequeno porte desenvolvem Epífitismo, ou seja, se apóiam em outras árvores para alcançar o dossel, e não retiram nutrientes do solo, e sim da árvore em que se apóiam.Existem também as Lianas, que se fixam no solo, mas se apóiam nas árvores de grande porte para conseguir luz.

Por estar enraizada em um solo extremamente pobre e úmido, a vegetação depende muito dos acúmulos de matéria morta no solo, a Serrapilheira, que se renova constantemente com a queda de folhas e galhos.

Vale ressaltar-se também certas adaptações das árvores para sustentação, como as raízes escora.

A flora da mata atlântica apresenta alto grau de endemismo, e é notável a presença de briófitas, pteridófitas e angiospermas.

Briófitas

Filo abundante na mata atlântica.São plantas avasculares (sem tecido condutor de seiva) e sem sementes, são os musgos, que abundam na mata atlântica por gostarem de umidade.

Pteridófitas

São plantas vasculares e sem sementes, que vivem muitas vezes em regiões tropicais. Um bom exemplo são as samambaias.

Angiospermas

São plantas que apresentam sementes, assim como flores e frutos, é o tipo de planta mais comum.


Juçara + Açaí: Um híbrido na mata atlântica.

Na mata atlântica existe um híbrido das espécies Euterpe edulis (Palmeira Juçara, uma espécie de palmeira da mata atlântica) e da Euterpe oleracea (o Açaí), que ao chegar ao Sudeste, conseguiu gerar uma nova espécie, que foi chamada no local de pupunha (um termo errôneo, pois pupunha é na verdade uma outra espécie). Sendo um híbrido, o Juçara-açaí é incapaz de gerar descendentes, o que pode em longo prazo causar um impacto desagradável, pois competirá com a sua “ancestral” Juçara sem deixar nenhum descendente, limitando o crescimento de uma espécie importante da região.

(juçara)

Um comentário:

professor lasneaux disse...

Parabéns, meninos! Está muito bom! Tomara que a nossa viagem tenha sido importante para vocês! Abraços, Professor Marcello Lasneaux (http://lasneaux.blogspot.com)